domingo, 20 de maio de 2012



              PORQUE SOFREMOS JUNTAMENTE COM OS OUTROS.
SERÁ POR AMOR?

 Existe uma crença muito comum: a crença de que quando alguém que nos amamos está a sofrer, temos que sofrer também e não podemos ficar em paz. Essa crença traz outras implicações, que são também crenças e pensamentos que nos prendem ao sofrimento:
- Se eu fico em paz enquanto o meu filho tem um problema sério, significa que não o amo.
- Se ...eu estiver feliz enquanto ele tem um problema, isso significa que não me importo com ele.
- Se eu ficar em paz, não vou tomar nenhuma atitude para ajudá-lo.
- As pessoas só agem para ajudar alguém quando eles sofrem ao ver o outro sofrer.
- Se elas não sofrem, é porque são pessoas frias e sem sentimentos.
- É preciso sofrer junto com o outro para se importar e fazer algo por ele.
- Não quero ser uma pessoa, fria, egoísta, ou insensível, por isso eu tenho que sofrer junto com ele.
- Sinto culpa em estar feliz enquanto o outro sofre.
- Ficar infeliz juntamente com o outro é uma forma de não sentir essa culpa.
- Não sofrer junto com o outro é abandonar e trair o outro.
A melhor forma de ajudar surge quando estamos em paz. Se olharmos para alguém para dentro de um buraco, e lá de cima, oferecermos a mão para que a pessoa saia. Ela não consegue, então colocamos uma escada e deixamos lá à disposição. Mesmo assim, há alguns que não sobem. E são muitas as razões inconscientes que levam alguém a agir dessa forma. Nem mesmo a própria pessoa sabe, nem percebe que está se sabotando. Não passa pela lógica racional. Jamais conseguiremos entender plenamente o que se passa. É preciso que a própria pessoa acorde e tome a decisão de sair do buraco aceitando a ajuda oferecida.
Quando tentamos convencer a todo o custo, falando demais, brigando, insistindo, o efeito costuma ser o contrário e a tendência é que a pessoa se feche para a ajuda cada vez mais. Estamos na verdade, em parte, querendo acabar com o nosso próprio sofrimento, pois precisamos que o outro mude para ficarmos em paz. Quando descobrimos que podemos ter a nossa paz interior independente do outro, surge o desapego. Não é desinteresse, e sim, desapego. Estaremos prontos para ajudar, mas sem aquela vibração de necessidade, medo, desespero e até raiva do outro durante a espera. Nesse estado não há também o sentimento de culpa em estar bem enquanto o outro está mal.
Respeitar a decisão do outro (ainda que seja uma decisão inconsciente) de permanecer dentro do buraco é um acto de amor e consideração. Aguardar pacientemente, de forma desapegada, é também um acto de amor. Quando agimos dessa forma, o nosso poder de influência torna-se bem maior, por mais que pareça o contrário.
A.L.

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