segunda-feira, 23 de julho de 2012


PERDOAR NÃO É ESQUECER

 Recentemente li um texto que falava sobre traição conjugal dizendo que se quisermos realmente perdoar, devemos esquecer o que aconteceu. Essa é uma visão comum sobre o que é o perdão e que acaba causando uma certa confusão.

Como é possível simplesmente "esquecer" o que houve? Só se estivermos com amnésia. Não há como, pois memórias não se apagam. O processo do perdão
dá-se de outra forma que Não é através do esquecimento. Também não se trata de não tocar no assunto ou colocar panos quentes. Essas são aparentes soluções que não resolvem o problema.

O perdão acontece quando os sentimentos de mágoa, raiva e ressentimentos são dissolvidos completamente. E quando isso ocorre, voltamos a ficar em paz. A nossa essência mais profunda é de uma paz completa. Esse estado fundamental dentro de nós jamais é alterado. Entretanto, ele pode ser temporariamente encoberto com nuvens de sentimentos negativos.

Perdoar significa voltar a ficar em paz. E isso só é possível quando essas nuvens negativas são dissolvidas. Não adianta tentar "esquecer". O que na verdade todos nós queremos é livrar do sofrimento que a memória causa. A memória ou o fato ocorrido em si não é o problema. O problema é sempre a nossa reação emocional que nos provoca sofrimento. Os fatos e as lembranças jamais poderão ser mudados. Mas é possível sim, curar o que interessa: a nossa reação emocional. Essa é a única forma de eliminar o sofrimento.

Quando as pessoas tentam "esquecer", o que elas estão fazendo, na verdade, é reprimir as emoções. E quando os pensamentos desconfortáveis surgem, elas tentam pensar noutra coisa para não sofrer. Mas isso não cura a ferida que está lá dentro guardada. Ela continua intacta, só não estamos olhando diretamente para ela na ilusão de que isso a fará desaparecer.

E como ainda há uma ferida emocional, mesmo não entrando em contato direto com ela, sofreremos suas consequências. Essas emoções ficam armazenadas no inconsciente e provocam diversos efeitos no nosso corpo, pensamentos e ações.

Os ressentimentos e mágoas reprimidos provocam tensão no corpo, geram ansiedade, inquietação. Nossa fisioligia é afetada pelas emoções reprimidas. Cada emoção é produzida quimicamente pelo nosso corpo (mesmo aquelas inconscientes) e alteram a produção dos hormônios e da quimica do bem estar que o nosso cérebro produz quando estamos livres das emoções negativas.

Essa energia presa dentro de nós tem uma força oculta (não a percebemos) e influencia na nossa forma de agir e pensar. Mesmo que você queira ficar bem com a pessoa da qual voce guarda uma mágoa, sem querer, aquela energia o levará a criar algum tipo de conflito.

Talvez você tente controlar ou manipular o outro como uma forma de compensar a dívida que sente que ele tem por si. Talvez você tente punir a outra pessoa sendo frio e mantendo-se distante no relacionamento, criticando-a na frente dos outros, deixando de apoia-la. Talvez você passe a irritar-se facilmente e dê "patadas" constantemente. Bem, são inúmeras as maneiras que aquela mágoa guardada, mesmo estando bem escondida, se vai manifestar de forma prejudicial no seu relacionamento.

Por mais que tenhamos o desejo sincero de ficar bem com o outro, acabamos agindo de forma negativa. E depois não nos entendemos e ficamos frustrados. Só é possível libertar-se dessa força sabotadora curando profundamente as suas raízes: dissolvendo as mágoas, raivas e ressentimentos de forma plena.

O resultado dessa libertação emocional é o que chamamos de perdão. Voltamos a ficar em paz. Sentimos alívio. Brotam sentimentos de compreensão, aceitação. Diminui a ansiedade, eleva a autoestima. O reflexo disso será visto na nossa forma de agir e pensar dentro do relacionamento.

Quando isso ocorre, entendemos que perdoar é algo que tem a ver apenas com nós mesmos. É um processo interior e não depende da mudança das pessoas e circunstâncias. As nossas mágoas e ressentimentos são uma tentativa equivocada de atingir a outra pessoa, como se isso fosse trazer algum tipo de justiça para que nós possamos finalmente ficar em paz.

Mesmo quando conseguimos punir e atingir a outra pessoa, os ressentimentos ainda vão permanecer dentro de nós. Ou seja, o sofrimento que queriamos eliminar continua a existir. E talvez agora, somado a ele, surgirá frustração, culpa, vazio e sensação de perda de tempo. Vivemos num estado de confusão emocional que nos leva a caminhos completamente ineficazes de se alcançar paz e felicidade.

O caminho mais simples é libertar as nossas próprias emoções. E realmente, não é fácil fazer isso sozinho utilizando força de vontade.
André Lima

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segunda-feira, 9 de julho de 2012

 

HÁ ALGUÉM QUE VOCÊ ACHA QUE DEVERIA MUDAR?
A maioria das vezes achamos que a causa do nosso sofrimento é o comportamento das pessoas com quem nos relacionamos.
"O meu marido bebe muito. Queria que ele mudasse. Ele causa-me muito sofrimento a mim e à minha família". " O meu chefe é muito bruto e não reconhece o meu trabalho. Isso deixa-me muito stressado". " A minha mãe é muito controladora, eu não aguento mais", etc…
A maioria destas pessoas tem um desejo em comum, consciente ou inconsciente: Querem que o outro mude para que eles possam finalmente ser mais felizes. Querem que o marido pare de beber, que o chefe deixe de ser estúpido, que a mãe pare de ser controladora. Acham que somente dessa maneira poderão ficar em paz.
Muitos tentam através de conselhos, brigas e críticas fazer com que o outro se aperceba dos seus erros e mude o seu comportamento. Esse método nunca funciona e frequentemente provoca o efeito contrário: o outro lado defende-se, justifica-se, fica com raiva e acusa de volta dizendo que nós é que estamos errados e que devemos mudar. Nesse jogo, cada um sai mais convencido de que está certo, e todos ficam cada vez mais infelizes.
Se esses métodos não funcionam, e nos deixam cansados, irritados, e stressados, por que será continuamos a insistir neles? Algumas crenças estão por trás desse comportamento. Vamos ver algumas delas.
A crença de que se eu não reclamar a pessoa nunca vai mudar, e se eu reclamar bastante, algum dia o outro muda. A reclamação é vista como uma forma de pressão que realmente funciona, apesar da realidade provar o contrário. É incrível como passamos anos a fio utilizando uma metodologia que não dá resultado e nos provoca sofrimento, e não conseguimos tomar consciência e abandonar essa forma de agir.
A crença de que se eu não reclamo estou concordando com as ações do outro. Se o meu marido bebe e eu não reclamo, estou sendo conivente, cúmplice, e em algum nível, é como se eu aprovasse o que ele faz. Ao acreditar nesses pensamentos, faremos o possível para mostrar toda a nossa discordância e reprovação. Criamos stress para nós mesmo.
A crença de que eu sei o que é melhor para outro. "Quero que meu filho ganhe mais, pois é assim que deve ser, isso é o melhor. Eu acredito nisso para mim, então tem que ser verdadeiro pra ele também. Eu sei o que é melhor mas ele não vê. Preciso fazê-lo ver essa verdade." Esses pensamentos fazem-nos agir de forma arrogante e prepotente. O outro sente-se subestimado, fica com raiva, defende-se e ataca de volta. Agimos dessa forma achando que é por amor, para melhorar a vida do outro. Mas nesse processo estamos causando sofrimento constantemente.

A crença de que eu preciso que os outro mudem para que eu fique em paz. Essa é a principal. Na verdade, só teremos uma necessidade que o outro mude por que nós estamos sofrendo em algum nível. Se estivermos plenamente em paz, podemos até desejar que o outro mude alguma coisa por percebermos que ele está a sofrer, mas não precisaremos impor o nosso ponto de vista ou tentar convencer a todo o custo. Quando as nossas ações e palavras estão contaminadas pelos nossos medos e outros sentimentos negativos, acabaremos por causar mais sofrimento.

Existe uma diferença enorme entre desejar, com amor e desapego, que o outro mude, e sentir uma necessidade que o outro mude. A primeira forma não nos traz sofrimento. Já a segunda forma é uma fonte enorme e desnecessária de desgaste emocional.
Podemos trabalhar somente as nossas emoções de raiva, impotência, mágoa, frustração. Não temos como mudar o comportamento de outras pessoas. Mas ao dissolver essas emoções que carregamos, ficamos em paz independente da mudança do outro, e surge o desapego. É uma libertação enorme.
Boa parte das vezes, depois de dissolvermos as nossas emoções negativas, vamos perceber que a forma de ser e agir da outra pessoa não tem nada que precise ser mudado.

Outras vezes vamos perceber que se estamos num relacionamento que não é saudável, nós é que precisamos nos posicionar de forma diferente ao invés de esperar que o outro mude. Não fizemos isso ainda por conta de problemas na nossa auto estima. Precisamos então melhorar esse aspecto para que seja possível mudar as nossas ações e fazer-nos respeitar. Já em alguns casos, chegaremos a uma conclusão que o melhor para todos é o afastamento. E tudo isso pode ser feito sem trauma, sem raiva, sem lamentação, e com um profundo sentimento de compreensão e aceitação.
Invariavelmente a conclusão a que se chega é: quem tem que mudar sou eu. Se eu estou sofrendo, em stress querendo modificar o outro, eu sou a pessoa que precisa mudar, mas só se eu quiser parar de sofrer. O que preciso mudar? Os meus sentimentos. Dissolver a raiva, medo, impotência, ressentimento e necessidade que e outro mude. Isso é o que realmente nos deixa stressados. Preciso melhorar a minha auto estima e agir diferente. O outro só mudará se quiser, no dia que quiser.
Ao dissolvermos essa negatividade, o nosso objetivo é alcançado: ficar em paz. Antes achávamos que isso dependia do outro, mas agora vemos que só poderemos encontrar esse estado da forma mais profunda e verdadeira, trabalhando os nossos próprios sentimentos.
André Lima

terça-feira, 3 de julho de 2012


Auto-sabotagem. O que falta para tu começares?

Existe algo dentro de nós que nos leva a agir de uma forma que parece pouco inteligente e que prejudica a nossa vida. É uma força interior que genericamente chamamos  "auto-sabotagem".

Coisas que podemos fazer para melhorar as nossas vidas, a maioria delas bem simples, muitas vezes adiamos indefinidamente: alimentarmos melhor, dormir um pouco mais cedo, praticar meia hora de exercício por dia, beber água em vez de refrigerante quando se tem sede. É muito estranho não agir da forma que sabemos racionalmente ser a melhor.

Precisamos ser relembrados, por nós mesmos ou por livros, professores e orientadores, de fazer as coisas mais simples e mais óbvias. Pagamos muitas vezes para ouvir o que já sabemos que temos que fazer, e ficamos satisfeitos por ter alguém que nos preste esse serviço.

É muito interessante observar as coisas que fazemos e deixamos de fazer para nos sabotar. A mente, sob a influência das forças inconscientes sabotadoras, encontra razões para justificar ou dar desculpas para não realizarmos as coisas mais simples que nos seriam benéficas. Quando algo é bom mas é pago, não fazemos por que é caro e aí pensamos "ah se fosse mais barato ou então de graça". Mas aí, quando é gratuito, não fazemos por que não temos tempo, paciência ou porque dá muito trabalho.

Essa força interior sabotadora pode parecer que surgiu simplesmente do nada. Mas na verdade, ela é um somatório de sentimentos negativos acumulados durante a nossa vida: medos, ressentimentos, traumas, mágoas, frustrações, medo de sofrer o que já sofremos no passado. Essa energia se acumula e gera pensamentos negativos com relação ao futuro e  deixa-nos inseguros no dia a dia. A auto-sabotagem é um sintoma. Indica que temos uma série de fatores emocionais em conflito.

 Esses sentimentos são gerados basicamente de 4 maneiras: Experiências negativas que passamos ( deixam-nos emoções mal resolvidas não dissolvidas); coisas que ouvimos da familia, religião, escola, jornal, e sociedade em geral (medos e crenças que são ensinadas pelas palavras, de geração em geração); experiências negativas que observamos de terceiros que acabam por nos marcar emocionalmente em algum nível  (deixam-nos medo, raiva, tristeza, frustração) e comportamentos negativos que observamos em terceiros e que também, em algum nível, nos passam sentimentos e nos marcam (aprendemos pelos exemplos).

Observe que todas as quatro formas acima citadas são mecanismos que nos deixam impregnados de emoções negativas. Por exemplo. Se somos traídos por alguém (experiência negativa que passamos), guardamos mágoas e ressentimentos. Quando ouvimos crenças e palavras negativas dos nossos pais e da sociedade em geral, começamos também a sentir aquelas emoções de medo, raiva, frustração e etc. Quando vemos alguém passando por situações difíceis (um amigo ir à falência nos negócios ou uma relação cheia de brigas entre os pais) absorvermos também emoções de tristeza e outras. Ao observarmos comportamentos negativos, aprendemos a sentir-nos e agir daquela forma.

 A auto-sabotagem cresce na medida em que essas emoções se vão  acumulando. Num nível mais baixo de acúmulo, o reflexo nas nossas ações e pensamentos será sutil e pouco prejudicial. Nos níveis mais altos, essa força cresce de forma a causar preguiça, procrastinação, pessimismo, depressão. Inconscientemente, agimos negativamente prejudicando os nossos relacionamentos, a vida profissional e a saúde física.

Sempre há uma causa ou várias que nos levam a agir de forma sabotadora. Nunca é por acaso. Cada ser humano tem a sua "coleção" emocional negativa que é a base que gera a auto-sabotagem. É preciso investigar para descobrir e dissolver com ajuda.
André Lima

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