segunda-feira, 9 de julho de 2012

 

HÁ ALGUÉM QUE VOCÊ ACHA QUE DEVERIA MUDAR?
A maioria das vezes achamos que a causa do nosso sofrimento é o comportamento das pessoas com quem nos relacionamos.
"O meu marido bebe muito. Queria que ele mudasse. Ele causa-me muito sofrimento a mim e à minha família". " O meu chefe é muito bruto e não reconhece o meu trabalho. Isso deixa-me muito stressado". " A minha mãe é muito controladora, eu não aguento mais", etc…
A maioria destas pessoas tem um desejo em comum, consciente ou inconsciente: Querem que o outro mude para que eles possam finalmente ser mais felizes. Querem que o marido pare de beber, que o chefe deixe de ser estúpido, que a mãe pare de ser controladora. Acham que somente dessa maneira poderão ficar em paz.
Muitos tentam através de conselhos, brigas e críticas fazer com que o outro se aperceba dos seus erros e mude o seu comportamento. Esse método nunca funciona e frequentemente provoca o efeito contrário: o outro lado defende-se, justifica-se, fica com raiva e acusa de volta dizendo que nós é que estamos errados e que devemos mudar. Nesse jogo, cada um sai mais convencido de que está certo, e todos ficam cada vez mais infelizes.
Se esses métodos não funcionam, e nos deixam cansados, irritados, e stressados, por que será continuamos a insistir neles? Algumas crenças estão por trás desse comportamento. Vamos ver algumas delas.
A crença de que se eu não reclamar a pessoa nunca vai mudar, e se eu reclamar bastante, algum dia o outro muda. A reclamação é vista como uma forma de pressão que realmente funciona, apesar da realidade provar o contrário. É incrível como passamos anos a fio utilizando uma metodologia que não dá resultado e nos provoca sofrimento, e não conseguimos tomar consciência e abandonar essa forma de agir.
A crença de que se eu não reclamo estou concordando com as ações do outro. Se o meu marido bebe e eu não reclamo, estou sendo conivente, cúmplice, e em algum nível, é como se eu aprovasse o que ele faz. Ao acreditar nesses pensamentos, faremos o possível para mostrar toda a nossa discordância e reprovação. Criamos stress para nós mesmo.
A crença de que eu sei o que é melhor para outro. "Quero que meu filho ganhe mais, pois é assim que deve ser, isso é o melhor. Eu acredito nisso para mim, então tem que ser verdadeiro pra ele também. Eu sei o que é melhor mas ele não vê. Preciso fazê-lo ver essa verdade." Esses pensamentos fazem-nos agir de forma arrogante e prepotente. O outro sente-se subestimado, fica com raiva, defende-se e ataca de volta. Agimos dessa forma achando que é por amor, para melhorar a vida do outro. Mas nesse processo estamos causando sofrimento constantemente.

A crença de que eu preciso que os outro mudem para que eu fique em paz. Essa é a principal. Na verdade, só teremos uma necessidade que o outro mude por que nós estamos sofrendo em algum nível. Se estivermos plenamente em paz, podemos até desejar que o outro mude alguma coisa por percebermos que ele está a sofrer, mas não precisaremos impor o nosso ponto de vista ou tentar convencer a todo o custo. Quando as nossas ações e palavras estão contaminadas pelos nossos medos e outros sentimentos negativos, acabaremos por causar mais sofrimento.

Existe uma diferença enorme entre desejar, com amor e desapego, que o outro mude, e sentir uma necessidade que o outro mude. A primeira forma não nos traz sofrimento. Já a segunda forma é uma fonte enorme e desnecessária de desgaste emocional.
Podemos trabalhar somente as nossas emoções de raiva, impotência, mágoa, frustração. Não temos como mudar o comportamento de outras pessoas. Mas ao dissolver essas emoções que carregamos, ficamos em paz independente da mudança do outro, e surge o desapego. É uma libertação enorme.
Boa parte das vezes, depois de dissolvermos as nossas emoções negativas, vamos perceber que a forma de ser e agir da outra pessoa não tem nada que precise ser mudado.

Outras vezes vamos perceber que se estamos num relacionamento que não é saudável, nós é que precisamos nos posicionar de forma diferente ao invés de esperar que o outro mude. Não fizemos isso ainda por conta de problemas na nossa auto estima. Precisamos então melhorar esse aspecto para que seja possível mudar as nossas ações e fazer-nos respeitar. Já em alguns casos, chegaremos a uma conclusão que o melhor para todos é o afastamento. E tudo isso pode ser feito sem trauma, sem raiva, sem lamentação, e com um profundo sentimento de compreensão e aceitação.
Invariavelmente a conclusão a que se chega é: quem tem que mudar sou eu. Se eu estou sofrendo, em stress querendo modificar o outro, eu sou a pessoa que precisa mudar, mas só se eu quiser parar de sofrer. O que preciso mudar? Os meus sentimentos. Dissolver a raiva, medo, impotência, ressentimento e necessidade que e outro mude. Isso é o que realmente nos deixa stressados. Preciso melhorar a minha auto estima e agir diferente. O outro só mudará se quiser, no dia que quiser.
Ao dissolvermos essa negatividade, o nosso objetivo é alcançado: ficar em paz. Antes achávamos que isso dependia do outro, mas agora vemos que só poderemos encontrar esse estado da forma mais profunda e verdadeira, trabalhando os nossos próprios sentimentos.
André Lima

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