sexta-feira, 26 de abril de 2013

 
“Tive um sonho que me assustou e me animou ao mesmo tempo. Era de noite, e encontrava-me num lugar desconhecido. Avançava com dificuldade contra um vento forte. Uma densa bruma cobria tudo. Nas minhas mãos em forma de taça, tinha uma débil luz que ameaçava extinguir-se a todo o momento. A minha vida dependia dessa débi...l luz, que eu protegia preciosamente. De repente, tive a impressão de que algo avançava atrás de mim. Olhei para trás e apercebi-me da forma gigantesca de um ser que me seguia. Mas ao mesmo tempo estava consciente de que, apesar do meu terror, devia proteger a minha luz através das trevas e contra o vento. Ao acordar dei-me conta que a forma monstruosa era a minha sombra, formada pela pequena chama que tinha acendido no meio da tempestade. Sabia também que aquela frágil luz era a minha consciência. A única que possuía, confrontada com o poder das trevas, era uma luz, a minha única luz”

Recuerdos, Sueños e Pensamientos – Carl Jung

terça-feira, 16 de abril de 2013

 
A autoestima é bastante afetada durante a infância, período em que estamos em formação. Quanto mais recebemos atenção em forma de reconhecimento, elogios e afeto, mais alimentamos o nosso amor próprio.
A criança aprende a amar e a aceitar-s...e a si mesma a partir do amor externo que ela recebe dos pais. Com o tempo, ela vai amadurecendo e um dia aprende que não precisa desse amor de fora e que pode amar-se a si mesma independente de fontes externas.
Entretanto, quando a criança é pouco elogiada, pouco reconhecida, tratada com indiferença, recebe muitas críticas, é abandonada e rejeitada, ela começa a interpretar inconscientemente que há algo de errado com ela, que não é digna de receber amor e passa então a desenvolver problemas de autoestima. A criança passa a não conseguir amar-se a si mesma, pois não aprendeu como fazer isso, e desenvolve auto rejeição e abandono. Torna-se então um adulto que não amadureceu de forma plena emocionalmente e que vive em busca do amor externo, reconhecimento e aprovação de terceiros para se sentir bem.
Pais com boa autoestima conseguem dar à criança o alimento emocional que ela precisa durante a infância. Mas a maioria dos pais carregam muitas dificuldades emocionais e por isso não conseguem suprir a carência dos filhos. E assim ficamos marcados.
Felizmente essas marcas emocionais têm cura. Caso contrário, seríamos reféns de um passado que não temos como mudar.
Com a autoestima mais elevada, a nossa vida torna-se muito melhor. É mais fácil dizer não e impor limites, o que nos faz construir amizades mais saudáveis pois conseguimos fazer-nos respeitar. O mesmo é válido na questão dos relacionamentos amorosos. Além de ficar bem mais fácil atrair uma pessoa com um padrão emocional saudável.
Mais autoestima tem a ver com mais autoconfiança. O medo do julgamento e das críticas diminui e assim podemos seguir o nosso verdadeiro caminho, independentemente do que os outros acham. Á medida que a autoestima se eleva, ficamos mais otimistas. Fica mais fácil confiar na vida e empreender seja lá o que for.
Se houvesse um aumento considerável na autoestima geral da população veríamos os níveis de consumo de bebida alcoólica caírem drasticamente. O álcool é usado como uma muleta para se ficar mais á vontade socialmente, e também para amenizar temporariamente o sofrimento interior que as pessoas carregam. Veríamos ainda uma diminuição de todos os outros tipos de vícios.
Com a melhoria da autoestima muitos começariam até a emagrecer. Não por que fariam um esforço para isso, e sim, por que o desejo de comer em excesso simplesmente diminuiria. A comida também é utilizada como uma muleta. O prazer que ela proporciona mascara temporariamente o sofrimento latente que acumulamos. Quando estamos mais em paz, livres da nossa negatividade, além de reduzir o impulso de comer mais do que o organismo precisa, diminui-se também a vontade de nos alimentarmos de comidas calóricas como doces e fritos e aumenta o desejo por comidas saudáveis.
Com uma autoestima melhor é bem mais fácil crescer profissionalmente e prosperar, pois os processos inconscientes de autossabotagem que nos levam a autopunição e perdas de oportunidades diminuem.
Com mais autoestima, aumenta também o senso de merecimento e tornamo-nos melhores recebedores, sentindo que somos dignos de ter e receber amor, conforto, abundância material, saúde física. A vontade de nos cuidarmos torna-se algo natural: fazer exercícios, dedicar tempo para autoconhecimento. A preguiça e a falta de vontade vão-se embora, dando lugar à alegria e energia para viver a vida.
Resumindo, cuidar a autoestima é tudo e mais um pouco.
André Lima

domingo, 7 de abril de 2013

 
As emoções negativas que nós guardamos têm uma vida própria. Elas desejam alimentar-se. A raiva quer sentir mais raiva, a tristeza quer sentir mais tristeza, a culpa quer sentir mais culpa... Os sentimentos tomam conta dos nossos pensamento...s e assumem o controle para se alimentarem e se fortalecer.

E são várias as formas que as emoções usam para se poderem energizar e permanecer dentro de nós. Exemplos: relembrar um diálogo de uma briga que tivemos com alguém, faz-nos sentir a raiva e alimentar essa emoção. Ouvir uma música triste depois de terminar um relacionamento ajuda a alimentar a tristeza. Um diálogo mental interno de autocondenação e recriminação alimenta a culpa que sentimos de alguma situação. Discutir com alguém no dia a dia alimenta a raiva que já sentimos. Ver notícias desagradáveis na televisão alimenta a raiva, tristeza etc.. Fazemos tudo isso de forma inconsciente.

No momento em que esses processos ocorrem, estamos possuídos pelas emoções. Estamos a ser usados por elas. Desavisados, pensamos que somos nós que estamos a gerar aqueles pensamentos e sentimentos. São essas emoções que estão se deleitando, sentindo prazer em se perpetuar. Ao mesmo tempo que sofremos com a dor que a emoção provoca, também sentimos o prazer que ela sente por se fortalecer e sobreviver.

Pela nossa falta de autoconhecimento enganamo-nos e confundimo-nos com os pensamentos e emoções que passam pela nossa mente e corpo. Achamos que somos essas emoções. Entretanto, elas não fazem parte da nossa verdadeira essência. São energias que passam por nós e que podem ser dissolvidas. Se elas realmente fizessem parte de quem somos, jamais poderiam ser libertadas.
Quando dissolvemos e libertamos os sentimentos negativos nós continuamos intactos por trás de toda a dor e sofrimento que se vai embora. Simplesmente limpamo-nos daquilo que não faz parte de nós, e voltamos a ficar em paz. Essa é a nossa verdadeira essência. Somos o observador em paz profunda que testemunha tudo o que acontece. Somos o espaço por onde as emoções passam e vão embora como nuvens. Somos o silêncio interior que fica depois que todo o barulho emocional é limpo e os pensamentos incessantes se calam.
A.L.