domingo, 8 de março de 2009

Sobre Mim

Desde muito cedo que dei por mim procurando um sentido e um objectivo profundo para a minha vida. No inicio se me perguntassem o que procuras? Não saberia responder, apenas sentia essa necessidade, de respostas, compreensão para tanto sofrimento que via à minha volta e a aparente passividade de todos como se não houvesse saída!


A primeira lufada de ar fresco na minha vida, para outras realidades foi iniciar o estudo sobre astrologia, aí sim, abriram-se portas interiores e exteriores. Comecei o meu processo de expansão e conhecimento, mais tarde o Curso de Massagem Biodinâmica e posteriormente a Terapia Psico-corporal, permitiram-me ter consciência de facetas da minha personalidade que queriam desenvolver-se e transformar-se, e que esse trabalho me seria benéfico, por outro lado, outras partes minhas protestavam e resistiam à mudança. Para mim era mais fácil permanecer nos velhos moldes, já experimentados e seguros, em vez de me lançar em novas aventuras cujo desfecho eu ignorava e por isso mesmo me assustavam.

Sou de natureza aventureira, gosto de desafios, e como tal, esta tensão interior, que eu ia sentindo, foi a pouco e pouco ficando clara para mim, era mais um desafio que me estava a ser proposto, e aquela parte em mim que queria muito mudar, avançar e crescer, conseguiu mais uma vez sobrepôr-se ao medo da mudança. Senti que o casulo da minha velha maneira de ser estava a romper-se, para dar lugar a uma presença nova, mais ampla e mais consciente. Foi nessa altura que lembrei ocasiões na minha vida, em que sofri muito e me convenci de que o meu mundo estava a desmoronar-se. Hoje, ao recordar esses momentos e ao situá-los no contexto da minha “caminhada”, vejo como foram necessários e como abriram mais portas do que fecharam.

Foi com a massagem e a terapia, tanto individual, como em grupo, durante toda a minha formação que percebi, que os moldes que eu tinha criado em criança, hoje em dia já não me serviam; tal como a roupa que eu usara nessa altura, eu tinha crescido, e agora eu estava a ter consciência disso. Todo este processo estava a ajudar-me a romper com as antigas estruturas, e foi muito bom, muito reconfortante perceber, que elas tinham sido úteis, tiveram um propósito, protegerem-me e ajudarem-me a expressar. Mas agora eu estava disposta a rebentar as costuras desse molde. O que até então se me afigurava perfeitamente normal, de repente começou a parecer-me muito limitado, insuficiente. Percebi que, apesar de começar a ter consciência de alguns dos meus padrões, não seria num abrir e fechar de olhos que iria mudar, havia pela frente, para além de um trabalho de tomada de consciência, um trabalho corporal que deveria ser feito, pois finalmente todos os sufocos e aflições, que um dia eu tinha sido obrigada a esconder e guardar bem fundo, tinham agora oportunidade de ir saindo, e havia urgência, pois à medida que eu ía sendo tocada, eu sentia, cada vez mais próximo, o momento da libertação.

Considerando que a nossa experiência reflecte a nossa consciência interior, compreender que criamos a nossa própria realidade e que somos capazes de assumir a nossa própria experiência de vida é um passo decisivo. Foi com esse espirito que iniciei a minha caminhada, como “Terapeuta”, sentindo a responsabilidade de trabalhar com uma pessoa, que à partida se entregava nas minhas mãos e confiava plenamente em mim.

Transmitir aos outros aquilo que tenho recebido e aprendido está a ser uma etapa importante para completar o meu processo de cura e crescimento. À medida que o tempo passa e o reencontro comigo própria é maior, mais energia vital sinto a circular no meu corpo. Essa energia vital afecta todos aqueles com quem me cruzo, independentemente das minhas palavras ou das minhas acções.

Tento que os meus clientes olhem o corpo como um processo que reflecte a natureza e a terra; mostrar-lhes que os nossos aspectos físico, emocional, espiritual e psicológico estão intimamente relacionados e não podem ser separados; que o nosso corpo cria diariamente saúde, e a sua auto cura lhe é inerente, e que a melhor forma de prevenirmos a doença é viver totalmente de acordo com os nossos instintos, ao mesmo tempo criar saúde no dia a dia, e sabermos que ninguém se pode apossar de nós e fazer por nós o que temos que ser nós a fazer.

Termino com uma ideia que Martha Graham, dançarina e coreógrafa, exprimiu de uma forma muito bela:
“Há uma vitalidade, uma força anímica, um impulso, uma energia que é traduzida por ti em acção. E como és única, porque nunca haverá ninguém igual a ti, essa expressão é única. Se a bloqueares, ela nunca existirá em qualquer outra forma... o mundo ficará privado dela. Não te compete a ti avaliar quão boa é, quão valiosa ou em que medida se compara a outras expressões. Compete-te manter a sua autenticidade, manter o canal aberto”.

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