O IMPACTO DAS CRÍTICAS NA AUTOESTIMA
Duas coisas que certamente influenciam bastante o comportamento
das crianças são as críticas e elogios. Os exemplos dados pelos adultos também
influenciam bastante as crianças, mas vamos focar neste artigo nas críticas e
elogios para entender como elas afetam o desenvolvimento do ser humano.
Tudo que é dito com emoção para uma criança tende a gerar nela uma
emoção correspondente. Essas emoções, por sua vez, criam marcas e ficam
armazenadas dentro da criança, de forma consciente ou inconsciente. Quando algo
é dito com um sentimento bom, gera uma memória boa, mas, quando o que é dito
vem com um sentimento negativo, a criança armazena aquela impressão. As emoções
têm um poder de gravar dentro de nós sensações, pensamentos, imagens e
sentimentos que podem nos acompanhar pelo resto da vida.
É fácil perceber a força com a qual as emoções ficam gravadas no
nosso campo emocional. Uma lembrança específica da nossa infância de um momento
onde recebemos carinho dos nossos avós nos trará um bom sentimento. Aquela
emoção ficou gravada e até hoje provoca bem estar; a lembrança será boa de ser
revivida. Por sua vez, a lembrança de uma sova que levamos quando crianças,
pode trazer sensações bem desagradáveis ao ser relembrada. Esse é o poder que
as emoções têm de imprimir em nós sensações boas ou más.
A partir desse princípio, para criar um ser humano saudável
emocionalmente, cheio de bons sentimentos, seria ideal gerar na criança muitos
momentos repletos de boas emoções. Elogios feitos com ênfase, com sorrisos e
afagos, são ótimos para impregnar a criança com bons sentimentos. Através desse
amor que a criança recebe, ela vai se fortalecendo e aprende a amar a si mesma
desenvolvendo uma excelente autoestima.
Já as críticas e repreensões deixam marcas emocionais negativas,
pois elas vêm carregadas de sentimentos negativos dos pais: raiva, frustração,
decepção e medo muitas vezes. Conforme já vimos, isso vai imprimir vários
sentimentos negativos na criança, que se vão somando uns aos outros. O acúmular
dessas emoções vai gerar problemas mais complexos, baixando a autoconfiança e
autoestima da criança.
O problema é que na maioria das famílias, o elogio costuma ser
raro. E quando é feito, é com pouco entusiasmo, sem emoção, deixando poucas
marcas positivas na criança. Já quando se trata de críticas e repreensões,
estas vêm carregadas de sentimentos negativos. No final das contas, o balanço
geral no histórico da vida da criança, vai haver muito mais marcas negativas do
que positivas.
Existe ainda a crença de que os acertos e bons comportamentos da
criança deveriam ser normais, por isso, não se vê razão para elogiá-los. Sendo
assim, a criança tira um boa nota e não ouve nada de positivo. Mas, se tirar
uma nota baixa entre as boas, é provável que ouça críticas ou comentários nos
quais os pais demonstram sentir a frustração e decepção.
E assim somos bombardeados desde pequenininhos por nossos pais
inconscientes, que por sua vez também foram criados desse forma. Aprendemos a
valorizar e a dar mais atenção às coisas negativas, gerando mais sentimentos
negativos, e a ignorar as coisas positivas.
Criamos então um ser humano crítico consigo mesmo, que tem
dificuldade em ver as suas próprias qualidades, mas que consegue ver mil
defeitos em si mesmo. Aumenta a auto cobrança, a auto depreciação e os
sentimentos de menos valia. Toda essa negatividade se refletirá em problemas de
relacionamento, dificuldades de crescimento profissional, insegurança sobre o
caminho a seguir na vida e inúmeras questões que são afetadas pela nossa
autoestima.
Felizmente podemos limpar essas marcas emocionais que ficaram
impregnadas das críticas e repreensões, fazendo um trabalho de libertação
emociona e dessa forma iremos melhorar a nossa autoestima.
Será que é possível dar limite as crianças sem criticas e
repreensões? Sim. Dar limites é saudável, ajuda a criança a desenvolver-se e a
respeitar os outros. Na verdade, é essencial, as crianças precisam de limites e
respeitam pais que sabem dar a limitação na medida certa. Esse é um tema que
exigiria mais explicações. O que é importante agora, é apontar a diferença
entre o que é dar um limite, e o que é criticar e repreender. As críticas e
repreensões vêm carregadas de julgamentos e sentimentos negativos dos pais:
raiva, frustração, decepção, tristeza... Já o limite, esse vem de forma firme e
clara, sem culpa ou qualquer outra emoção negativa.
Para aqueles que tem filhos ou que pretendem ter, é importante
ficar atento para não repetir a velha forma de criticar e destruir a autoestima
dos filhos. E para aqueles que já perceberam os erros e se ficam culpando por
isso, perdoem-se a si mesmos. Certamente fizeram o melhor que sabiam fazer.
Nunca é tarde para mudar e começar a elogiar. A culpa traz apenas consequências
negativas e dificuldades em lidar com os filhos e colocar limites com firmeza.
André Lima
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