sexta-feira, 2 de dezembro de 2011



Por detrás da mãe que satura há uma mulher que grita a raiva de tanto ser ignorada!!



Lilith, foi a primeira mulher na história da Génese e também é, muito provavelmente, a primeira na estrutura arquétipa da nossa psique. Ela representa a mulher selvagem, instintiva, o feminino em estado bruto e misterioso, o impulso para a livre expressão de si mesma, enquanto que, Eva, aparece como uma mulher "domesticada" aceitando incondicionalmente as normas do meio em que vive . Se, como Lilith, aspiramos a deixar florescer naturalmente a nossa verdadeira identidade, enfrentamos as convenções sociais prevalecentes (Adam). Confrontando-nos assim com uma escolha muito, muito dolorosa: Devemos dar prioridade ao respeito pela nossa integridade (Lilith), ou darmos prioridade ao reconhecimento reconfortante do grupo (Eva)? Por outras palavras, estamos prontas para dar o salto arriscado da emancipação ao jugo do outro, independentemente das consequências?

Logo que nos conformamos com o desejo do outro, (individuo ou grupo), e voltamos as costas a nós mesmas; Transmutamos o arquétipo de Lilith em Eva. Como mulheres, isso significa que aceitamos implicitamente de nos subordinarmos, ou melhor, de sacrificarmos o nosso próprio desenvolvimento em beneficio do dos nossos “mestres” (companheiro, filhos, pais, patrões, etc). Quando nos identificamos, em demasia, à função materna, transformamo-nos no instrumento da felicidade do(s) outro(s), do prazer do(s) outro(s), e esquecemo-nos do essencial: Cuidar de nós para levarmos a bem a realização do Ser Mulher. De mães para filhas, de geração em geração nós somos cúmplices dos condicionamentos socio-culturais que nos incitam a existir através da dedicação ao outro sob forma de penitência, no qual, tanto Lilith como Eva se encontram. Não nos esqueçamos que se Lilith se arrisca a ser marginalizada quando segue o apelo da sua alma; Eva, vê-se severamente punida no dia em que “perde a cabeça”, provando assim que a postura de docilidade engendrada pelo medo, não é sustentável a longo prazo...

Por Ana Vieira

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