sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012




O que é ser um analfabeto emocional?


É desconhecer coisas básicas sobre o que são as emoções, como elas funcionam, como influenciam a nossa vida em todas as áreas. O que aprendemos durante a nossa formação escolar diz respeito de forma geral ao intelecto. Aprendemos e desenvolvemos o raciocínio lógico, a memória, a capacidade de aprender conceitos sobre coisas do mundo. O analfabeto emocional investe apenas no aumento da sua capacidade intelectual pois pensa que isso é o mais importante.

Essa aprendizagem é bastante útil, mas entretanto fica a faltar algo vital, que entendo como o mais importante e que irá influenciar a nossa vida de uma forma muito mais profunda do que a aprendizagem intelectual. O que acaba por acontecer é que formamos seres humanos dotados de uma grande capacidade intelectual mas que não conseguem criar uma vida feliz, em paz, próspera e saudável. Pior ainda, um intelecto muito desenvolvido sem a parte emocional em equilíbrio tem uma capacidade enorme de criar sofrimento para si próprio e para os outros.
A maioria das pessoas acha que a única coisa que podemos fazer para ajudar um ser humano a ser feliz e bem sucedido na vida é dar uma boa educação formal e uma boa educação caseira. A educação que temos em casa, mesmo com as melhores das intenções, é fortemente contaminada pela negatividade dos nossos pais que acabam por nos passar de forma inconsciente.

São essas as ferramentas que damos às crianças até que completem a sua formação. A partir daí temos então a ilusão de que a pessoa tem toda a base que interessa e assim ela terá condições de seguir na vida de forma satisfatória. Se ela não consegue o resultado esperado não compreendemos a razão. Afinal de contas, ela não teve tudo o que foi necessário?
Depois de muito sofrimento e de não entendermos o porquê de tudo dar errado, percebemos que somente estudar e ser inteligente não é o suficiente. Desperta então o interesse pelo autoconhecimento. Começamos um lento e gradual processo de alfabetização emocional.
O analfabeto emocional não tem uma consciência profunda de que quando a sua vida não está bem e ele está infeliz, ele é a única pessoa que pode mudar a situação e que somente curando o seu interior a sua vida vai mudar. Ele normalmente vai achar que são factores externos a ele os principais responsáveis pela sua infelicidade: o seu país, o seu sócio, a sua mulher/marido, a cultura da cidade, o governo e por aí fora. Na sua lógica inconsciente, são esse factores que precisam mudar para que ele seja feliz. Ele mesmo gerou muito sofrimento para si mesmo e não percebe. Não criou de forma propositada, mas sim inconscientemente. Mas mesmo assim, ele é o responsável.
O analfabeto emocional também não sabe que ele cria as suas doenças físicas a partir de sentimentos negativos que vão se acumulando dentro de si. Toda a emoção negativa é produzida quimicamente pelo nosso corpo e afecta a nossa fisiologia gerando: tensão nos músculos, alteração dos hormônios, mudança do PH sanguíneo. Sentimentos vão ficando guardados dentro de nós e acumulando até que começam a provocar reflexos mais visíveis na parte fisica: diabetes, pressão alta, cancro, doenças de pele, alergias, doenças cardíacas e etc.
Seria muito bom que aprendêssemos desde crianças a perceber os nossos sentimentos negativos. Saber o que é raiva, o medo, a culpa, a frustração. Perceber a manifestação física dessas emoções. Sim, toda emoção quando surge provoca um desconforto no corpo, é a sua química afectando a fisiologia. Deveríamos aprender como os sentimentos negativos sabotam a nossa vida de forma inconsciente, influenciando as nossas acções e escolha. Poderíamos aprender na escola sobre crenças que nos limitam, quais são e como elas nos prejudicam. Se aprendêssemos a detectar aspectos de auto-estima baixa, jogos de manipulação familiar, padrões negativos que se repetem, teríamos muito mais condições de nos libertar dessa negatividade. Mas os nossos pais e professores também são analfabetos emocionais, eles não sabem lidar com nada disso. Normalmente só vamos aprender na idade adulta, depois de muito sofrimento, buscando professores nessa áreas através de livros, palestras, vídeos e terapeutas.
Fica aqui um alerta para não deixarmos de cuidar desse aspecto que é determinante para a criação de uma vida plena.
(Retirado de um texto de André Lima)

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